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Teoria Familiar Sistêmica: conceitos e métodos.

A Família pode adoecer e sofrer

Dentro da perspectiva da teoria familiar sistêmica, conforme delineado por Salvador Minuchin (1990), a família, enquanto unidade sistêmica, pode adoecer e sofrer devido a uma série de dinâmicas internas disfuncionais. Os conceitos da teoria familiar sistêmica enfatizam que as relações familiares são fundamentais para a saúde psicológica de seus membros e qualquer desequilíbrio nesse sistema pode levar a manifestações de sofrimento e adoecimento. A seguir exploraremos as razões pelas quais uma família pode adoecer e sofrer.

Estruturas Familiares Fechadas e Enrijecidas

Minuchin identifica que famílias com estruturas fechadas e enriquecidas têm dificuldade em se adaptar às mudanças e desafios, o que pode levar a um sofrimento psíquico coletivo. Essas famílias têm dificuldade para ajustar seus padrões de interação diante de novas circunstâncias, mantendo-se presas em dinâmicas disfuncionais que perpetuam o sofrimento.

Limites Inapropriados de acordo com a teoria familiar sistêmica

A teoria de Minuchin destacou a importância de limites claros e definidos dentro da família, tanto entre os membros quanto entre os subsistemas familiares (por exemplo, pais e filhos). Limites difusos ou rígidos demais podem impedir a expressão saudável de sentimentos e necessidades, causando conflitos, mal-entendidos e o adoecimento da família.

Alianças e Coalizões Disfuncionais

As alianças e coalizões dentro da família, que excluem ou sobrecarregam certos membros, criam desequilíbrios e sofrimento. Tais dinâmicas podem forçar os membros da família a assumirem papéis disfuncionais, como o de “paciente identificado”, onde uma pessoa é designada para manifestar os sintomas do desequilíbrio familiar.

Falha na Adaptação a Transições de Vida

Minuchin também aponta que o sofrimento e as disfunções familiares podem surgir da incapacidade de se adaptar especificamente às transições normais da vida, como nascimento de filhos, adolescência, casamento dos filhos, envelhecimento dos pais, entre outros. A resistência à reorganização dos papéis e à redefinição das relações durante essas transições pode resultar em estagnação e conflito.

Resposta a Estressores Externos

A teoria sistêmica sustenta que as famílias não existem isoladamente, mas interagem constantemente com sistemas maiores (sociais, econômicos, culturais), desta maneira, a incapacidade de uma família se adaptar a estressores externos, mantendo ao mesmo tempo a coesão e o suporte mútuo, pode levar a uma sobrecarga de estresse, afetando a saúde mental e emocional de seus membros.

Segundo Minuchin, uma intervenção terapêutica focada na reestruturação das dinâmicas familiares pode promover muito equilíbrio e bem-estar. Ao identificar e modificar padrões disfuncionais de interação, a terapia sistêmica familiar visa não apenas aliviar o sofrimento psíquico, mas também fortalecer as relações familiares, promovendo um ambiente mais saudável e adaptativo para todos os seus membros.

Tendo essas premissas em mente, podemos dizer que a terapia familiar sistêmica é uma abordagem terapêutica que se concentra no funcionamento da família como um todo, em vez de se concentrar apenas em indivíduos. Ela considera que as relações dentro da família são interdependentes e que as ações de um membro da família afetam o sistema como um todo.

A abordagem familiar sistêmica procura compreender como os padrões de interação entre os membros da família podem levar a comportamentos disfuncionais e como a mudança desses padrões pode ajudar a melhorar o funcionamento da família. Dentro desta perspectiva, nós trabalhamos com a família para identificar padrões disfuncionais de interação e ajudá-la a encontrar novas formas de se comunicar e se relacionar.

Referência:

MINUCHIN, S. Famílias e Terapia Familiar. Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

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